Santos 1, Flamengo 0.
Mas isso — vamos logo avisando — não foi apenas futebol.
Foi um daqueles capítulos que o esporte escreve com sangue e suor, mas assina com poesia. Um desses jogos em que o resultado é detalhe menor diante do que se revelou em campo: a atuação de um craque que voltou a tocar seu próprio auge com as mãos. Ou melhor, com os pés.

Sim, estamos falando de Neymar. O menino que virou lenda, o gênio ferido que ousou sonhar com a plenitude de novo. E que, nessa noite santista, provou que ela não só é possível — como palpável, presente, real.

Na Vila Belmiro, onde o tempo parece andar em outra frequência, Neymar teve a atuação que muitos esperavam, mas poucos ousavam cobrar. Porque sabiam — ou fingiam esquecer — que o caminho até ali foi feito de pedras. Lesões, cirurgias, silêncio, angústias íntimas que nenhuma manchete traduz. O craque andou por vales sombrios onde a dúvida parece gritar mais alto do que o talento.

Mas quem conhece Neymar sabe: ele não é só bola no pé. É fogo interno. É vocação que não se explica. É arte que resiste até quando o corpo fraqueja.
Contra o Flamengo — adversário que um dia lhe rendeu um Puskas e que agora assistiu a uma nova obra-prima ao vivo — Neymar foi maestro. Dançou com a bola. Distribuiu passes como quem espalha sementes. Dominou o jogo como quem rege uma sinfonia. E cravou o único gol da partida com a naturalidade de quem nasceu para desequilibrar.
Não foi um gol qualquer. Foi a afirmação silenciosa de que ele segue sendo um dos maiores talentos que este país já viu nascer.

Neymar não precisou dizer nada. O futebol disse por ele. Disse com cada arrancada, com cada drible, com cada decisão tomada milésimos antes dos marcadores pensarem em reagir. Ele foi a lembrança viva do que já foi — e a promessa clara do que ainda pode ser.
Como diria o saudoso Armando Nogueira, “há lances que não são apenas jogadas; são epifanias”. E nesta noite, a Vila viveu várias.
Para muitos, será mais uma vitória. Mais três pontos no Brasileirão. Mas para quem sente o futebol no estômago e na pele, foi mais do que isso. Foi o sopro de algo eterno, o vislumbre de um Neymar que não apenas resistiu — mas reaprendeu a brilhar.
Na Vila Belmiro, não houve apenas um jogo.
Houve um espetáculo.
E no centro dele, como sempre, esteve o artista maior de nossa geração.
Neymar em fotos AQUI