Fotografar não é apenas clicar. É enxergar além do óbvio, é usar o poder do olhar para contar histórias que transcendam o momento. Nos 24 jogos que fotografei do Santos FC em 2024, entre Campeonato Paulista e Série B do Brasileirão, encontrei nesta imagem a síntese perfeita de uma temporada inteira. Uma fotografia que não apenas registra, mas narra.
Neste quadro, há muito mais do que jogadores em campo: há símbolos de uma jornada. No centro da imagem, Diego Pituca está de joelhos, com os braços erguidos ao céu. Ele é a personificação da fé, da confiança e da esperança no trabalho que trouxe o Santos até ali. No primeiro plano, desfocado, está Otero, completamente exausto, deitado no gramado, representando a raça, a dedicação e a entrega de um grupo que não mediu esforços para alcançar seus objetivos.
Esta fotografia carrega em si a essência de um ano de reconstrução. Num período em que o Santos precisou se reinventar, longe de seu tradicional DNA ofensivo e vistoso, o que o destacou foi a determinação, a resiliência e a força de vontade. E essas qualidades, tão marcantes na temporada, culminaram na realização do grande objetivo: o retorno à elite do futebol brasileiro, de onde jamais deveria ter saído.
O momento capturado ocorreu após o apito final na vitória por 2 a 0 contra o Guarani, pelo Paulistão. Foi uma vitória suada, mas essencial, que manteve o time firme na disputa e, mais tarde, culminou no honroso vice-campeonato.
Esta não é apenas uma imagem, é uma história em um único quadro. É o poder da fotografia em fine art: transformar o intangível em eterno. Fé, entrega, exaustão, resiliência – tudo isso está aqui, nesta fotografia, que não apenas mostra, mas faz sentir.
Porque uma foto é diferente da foto. Fotografar é arte. É contar histórias sem palavras. É, acima de tudo, usar o olhar para dar significado. Este é o meu olhar. Este é o futebol contado pela minha lente.
Futebol é emoção. Fotografia é sentimento. E aqui, os dois se encontram.
